Segundo o dicionário Houaiss, "aproximar" significa: tornar próximo, possibilitar o acesso, permitir o contato, a proximidade, fazer chegar mais rápido, estabelecer ou restabelecer relações, aliar, unir etc.
A idéia do "Espaço Aproximar" é possibilitar o acesso do leitor a diversas informações, conhecimentos e curiosidades de um modo geral.
Bem vindos!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011




Ela era forte
Desvendou misterios
Desafiou tempestades
Viajou com ciclones
Sob estrelas dificeis
Amestrou cometas
Mas so viram o gesto simples...

E de repente
A grande descoberta:
Ela era fragil

(Benette da Motta Bacellar)

Tabu: Suicidio

Por que não falamos naquilo que incomoda ou não é prazeroso?
Vai ai um pouco de informações sobre esse tema:
Suicídio e Psiquiatria
Nem todas as pessoas que cometem suicídio apresentam problemas psiquiátricos, mas é verdade que dentre os pacentes psiquátricos a taxa de suicídio é maior do que na população em geral, assim como dentre as pessoas com doenças não psiquiátricas a taxa de suicídio é mais elevada também, em relação á população geral. Não é válido julgar que uma pessoa depois de cometer ou tentar suicídio venha a ser considerada como portadora de doença mental por causa de seu gesto. Em aproximadamente 70% dos suicídios a pessoa apresentava alguma condição psiquiátrica, nos outros 30% alguma condição social como doença não psiquiátrica, desemprego e problemas legais como principais fatores. Observa-se também uma diferença nos fatores que levam ao suicídio conforme a idade, abaixo dos 30 anos de idade uso de drogas ilícitas e personalidade anti-social são mais frequentes enquanto que acima dessa idade 69% dos suicídios estão correlacionados a transtornos do humor.

Mitos acerca do Suicídio

As pessoas que ameaçam se suicidar não o fazem de fato
80% das pessoas que se mataram verbalizaram previamente sua intenção

O suicídio ocorre sempre sem aviso

Geralmente são avisos indiretos ou dissimulados como: "não sivo para nada", "só estou atrapalhando", mas as pessoas que se matam sempre avisam antes.

Uma pessoa que já pensou em suicídio será sempre uma candidata a ele.

Nâo é verdade, uma pessoa que pensou ou tentou suicídio poderá vir a superar suas diviculdades e passar a rejeitar fortemente a idéia de morrer.

O suicídio ocorre mais entre os ricos.

Falso, ocorre nas mesmas proporções entre ricos e pobres.

A relação de ajuda

Ajudar não é fácil e não nascemos sabendo, esta é a posição inicial para quem nunca teve um preparo especial para lidar com quem precisa de ajuda. Ajudar significa dar aquilo que a pessoa precisa e não aquilo que achamos que ela precisa. O que mais se encontra na prática e isso não se restringe às pessoas potencialmente suicidas mas todos enfermos que precisam de ajuda. Admitir que não saber o que falar é uma atitude positiva de quem é humilde e se não souber o que dizer não tente inventar, afirme que não sabe o que dizer mas está disposto a ouvir de coração aberto o que a pessoa tem a dizer.

  • Ouvir ativamente. Observar o que não é dito, tolerar as incoerências e as contradições, não é hora de dar lições de moral nem mostrar os erros, é hora de estimular a dar a volta por cima e ser paciente na dor.
  • Demonstrar impaciência e pior ainda, irritação significam para quem fala uma rejeição pessoal impossibilitando um relacionamento livre de impedimentos.
  • Estar preparado para comportamentos inaceitáveis e incompreensíveis como agressões contra quem quer ajudar. Isto não deve significar o fim da linha nem deve levar a desistência da ajuda, afinal uma pessoa para pensar em matar-se está ou numa situação extrema ou possui uma personalidade profundamente complexa e problemática, não será possível entender em pouco tempo reações desse calibre.
Como ajudar?

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, ajudar não é fácil nem intuitivo, para ajudar é necessário estar preparado, se possível, trienado, dizer aquilo que se julga ser bom e eficaz pode vir a ser destrutivo. As pessoas não são todas iguais, as circunstâncias variam, os valores mudam, as crenças são adquiridas ou perdidas, por isso, para se ajudar uma pessoa que quer morrer é assunto para pessoas bem informadas e bem formadas, do contrário é melhor não falar nada. a em suicídio é uma pessoa solitária, ela pode estar no meio de uma grande multidão ou de uma grande família mas sente-se só. Antes da primeira tentativa ela tenta se comunicar mas é considerada inconveniente, sem tato, chata e tende a ser isolada e rejeitada pelas pessoas, passa a ser alvo de fofocas que não perdoam o sofrimento alheio. Outras vezes a pessoa não consegue deixar claro seu sofrimento e sua angústia, logo a tentativa ou a consumação do suicídio pode ser uma tentativa de comunicação. Por outro lado existe as pessoas com transtorno histriônico de personalidade, essas são manipuladoras e usam as ameaças contra própria integridade como forma de manipular os parentes, não é possível manipular os médicos porque esses sempre internarão as pessoas acometidas por algum fator de risco que ameaçam se matar, mas os parente estão sujeitos às manipulações. Essa situação é extremamente difícil de se lidar, não sendo possível estabelecer regras nem condutas pré-definidas. A contenção da manipulação por ameaças de suicídio exige muito frieza por parte de quem houve, prudência, preparo, paciência e possibilidade de agir com rapidez se necessário.
O gesto suicida não surge repentinamente, se ocorre repentinamente é porque a pessoa estava nos anos ou meses anteriores escondendo todo seu sofrimento. Uma pessoa sempre solícita e sorridente no trabalho não por ser descartada como um potencial suicida, pode surpreender quem está ao lado, mas isso significa apenas que conseguiu encobrir muito bem todo seu sofrimento. Uma pessoa sem o preparo especial pode oferecer compreensão (os ouvidos e um olhar atento) e o calor humano (interessar-se pessoalmente e dispor-se a procurar meios de ajudar). A compreensão é sempre incondicional nessas situações, não se pode querer que a pessoa pense ou acredite como quem ouve, talvez e quase sempre será, ela terá valores e crenças distintos ou talvez nenhuma crença ou valor. A atittude de quem quer ajudar deve ser: "não imagino o que você está passando, mas estou disposto a estar ao seu lado para tudo que me pedir, exeto para ajudar a morrer".

O que fazer ?
  1. Ser você mesmo
  2. Fazer com que a pessoa se sinta acolhida por você
  3. Relacionar-se com a pessoa não apenas com o problema
  4. Ofereça toda sua atenção e mostre-se disponível
  5. Facilite o desabafo
O que não fazer.
  1. Subestimar ou desvalorizar as preocupações apresentadas.
  2. Impor conselhos.
  3. Emitir opiniões ou julgamentos.
  4. Ser paternalista.
  5. Fazer promessas que não podem ser cumpridas.
  6. Falsas esperanças como :"amanhã estará tudo melhor".

Pensa nisso:



domingo, 30 de outubro de 2011

Eu amo minha família - Parte II

Uma singela homenagem:

Eu amo minha familía - Parte I

Filme Águas para elefantes


Água para Elefantes (Water for Elephants), drama estrelado por Reese WitherspoonRobert Pattinson Christoph Waltz,. É a prévia completa, provavelmente a última antes da estreia, o que significa que em dois minutos e meio eles contam o filme todo. Vale pelo começo, para entender a história do personagem de Pattinson. O filme é uma adaptação ao cinema do best seller Water for Elephants, escrito por Sara Gruen, com roteiro de Richard LaGravanese e direção de Francis Lawrence.Água para Elefantes  se passa na época da Grande Depressão da década de 1930 e conta a história de um triângulo amoroso envolvendo um jovem estudante de veterinária (Pattinson) que se junta a um circo viajante de segunda categoria e se apaixona pela principal estrela do circo (Witherspoon). Waltz faz o marido dela, dono do picadeiro.
Acabei de assistir e quem me conhece um pouquinho, sabe que adoro filmes, mas nesse caso, esse filme não me empolgou. Achei que faltou roteiro e mais drama. Se eu fosse classificar o filme de 0 a 5, ficaria com uma nota 3!
Márcia
Qualquer um que desperto se comportasse como nos sonhos seria tomado por louco.

Cecilia Meireles

Um filosofo citou:

''Nunca ache que ninguém é melhor que você, e nunca se ache melhor que ninguém. Cada um tem um caminho a seguir e uma lição para aprender.''

Melancolia e depressão

ATENÇÃO LEITORES: O texto é grande, mas vale a pena conferir essa discussão.


A MELANCOLIA NA OBRA DE FREUD: UM NARCISO SEM [DES]CULPA


Ana Cleide Guedes MOREIRA1

             Freud terminou de escrever Sobre a introdução do conceito de narcisismo em fevereiro de 1914, após uma viagem de férias para Roma onde o iniciara. No mesmo momento, começava a conceber Luto e Melancolia, que só será concluído em maio do ano seguinte. Ele costumava escrever assim, mesas separadas para trabalhos que ocupavam simultaneamente o mesmo espírito, este sim único. Mas não indiviso, como bem mostrou. O eu não é o senhor em sua própria casa: eis o que enunciou como a descoberta pela qual pensava que a psicanálise merecia seu lugar na história. De importância ímpar, a compreensão do narcisismo permitiu-lhe dirigir a visada às sombras que habitam, na melancolia, o mesmo cômodo, iluminando um enigma que vem atravessando há dois mil e quinhentos anos a civilização ocidental.2
             De fato, sua investigação da melancolia o acompanha desde a última década do século dezenove, pelo menos. Desenrola-se ao longo de sua obra com variada intensidade, mas sempre produzindo efeitos: são mais de quarenta obras de referência, entre artigos, ensaios, conferências, além das indicações e comentários distribuídas em cartas, especialmente a Fliess, Abraham, Ferenczi e, Marta, naturalmente. Além disso, por ali passaram diretamente a elaboração de vários conceitos fundamentais da psicanálise, tais como identificação, ideal de ego, superego, ambivalência, e, sentimento inconsciente de culpa, para ficar nos mais importantes.
             Há um longo caminho a percorrer para sustentar a hipótese que orienta este trabalho mas, dado os limites pelos objetivos que o motivam, ele tratará tão somente de indicar em linhas gerais, as principais referências que o animam3. Parece extremamente necessário delimitar algumas balisas à investigação da melancolia pelo método psicanalítico, pois permanece, neste fim de século, um problema teórico e clínico definir precisamente o que são as entidades psicopatológicas melancolia e depressão, tanto na obra de Freud quanto no campo psicanalítico que o sucedeu. Comecemos por este problema, portanto.
             Nesse que é o texto fundamental sobre o tema, Luto e melancolia, Freud apontava a existência de um problema de definição uma vez que a melancolia assume várias formas clínicas, cujo agrupamento em uma única unidade não parecia ter sido estabelecido com certeza, inclusive na psiquiatria descritiva4. A definição do quadro clínico ali estabelecido por ele, é o mais detalhado e único ao longo de sua obra, razão porque aqui está sendo considerado a definição freudiana por excelência. Em suas palavras:
             ''Os traços mentais distintivos da melancolia são um desânimo profundamente penoso, a cessação de interesse pelo mundo externo, a perda da capacidade de amar, a inibição de toda e qualquer atividade, e uma diminuição dos sentimentos de auto-estima a ponto de encontrar expressão em auto-recriminação e auto-envilecimento, culminando numa expectativa delirante de punição. Esse quadro torna-se um pouco mais inteligível quando consideramos que, com uma única exceção, os mesmos traços são encontrados no luto. A perturbação da auto-estima está ausente no luto; afora isso, porém, as características são as mesmas''.5
             A importância de retomar a definição freudiana deve-se a grande confusão no campo que se estabeleceu na teoria psicanalítica que o sucedeu. De fato, depois de Freud, Bleichmar já o descreveu, há um deslizamento conceitual que implicou em tomar a melancolia para nomear as psicoses e reservar o termo depressão para ocorrência dessa psicopatologia em quadros neuróticos.6 A razão porque isso se deu está longe de ser clara, mas é possível estender um pouco a análise desse problema
             Nesse sentido, como observamos antes, Freud indica que também a psiquiatria não alcançou uma única definição de melancolia. Ele mesmo utiliza, ao longo de sua obra, melancolia, depressão, depressão melancólica, o mais das vezes como sinônimos, sem jamais estabelecer uma distinção clara entre os termos. De fato, ele tinha ambos os vocábulos disponíveis no alemão corrente, sendo que depressão chega ao alemão vindo do francês a partir do latim7 e, melancolia, é um velhíssimo termo de origem grega 8 Ora, inserido no debate de seu tempo como todos sabemos que Freud era, não apenas ele pode ter tido contato com o termo em sua estadia em Paris, como também não lhe escapava o uso cada vez maior que dele fazia a psiquiatria alemã, em deliberada substituição ao termo melancolia.
             Realmente, foi Emil Kraepelin quem estabeleceu o uso do termo 'insanidade maníaco-depressiva' na psiquiatria alemã. Como sabemos por um extenso estudo de Jackson9, em 1880 nas seções de psicoses de seu Lehrbuch, inicialmente usou insanidade depressiva para nomear uma das categorias de insanidade e inclui uma forma depressiva como uma das categorias de paranóia, mas continuou a empregar melancolia e seus subtipos (...) e usar depressão principalmente para descrever afeto.
             Ora, o renomado psiquiatra fez parte do contexto em que desenvolvia-se a psicanálise e, além disso, contra ele Freud levantou-se em torno da questão do diagnóstico de insanidade maníaco-depressiva atribuído ao paciente conhecido entre nós como Homem dos Lobos. Portanto, quando vimos que Freud não apenas usa melancolia e depressão muitas vezes como sinônimos, mas prefere o termo melancolia nos textos em que formula as noções fundamentais para dar conta do problema, não podemos deixar de pensar que a ele interessava demarcar um campo propriamente psicanalítico na psicopatologia.
             Mas algo mais se passou para que os que o seguiram preferissem o termo depressão, Melanie Klein entre elas, já que como sabemos, desenvolveu largamente uma concepção de depressão claramente derivada da freudiana, a ponto de chegar à noção fundamental de 'posição depressiva' a partir da perda do objeto amado10. De fato, Melanie, tendo se analisado com Abraham11, cujos estudos de melancolia também se estenderam até a chamada psicose maníaco-depressiva, tiveram enorme e reconhecida importância já para Freud, também esteve sob forte influência da psiquiatria alemã, não tivesse ela buscado abrigo nos sanatórios de sua época até que veio a conhecer a psicanálise12. Parece haver, de fato, uma intencionalidade em fazer esquecer a melancolia, mas vejamos ainda uma indicação disso, novamente de Jackson, diz ele:
 ''A tendência em se abandonar o termo melancolia e utilizar depressão pode ter sido especificamente favorecida por Adolf Meyer. O relato de uma discussão em 1904 indica que ele desejava eliminar o termo melancolia, que implicava, segundo ele, em um conhecimento de algo que não possuíamos e, se ao invés de melancolia, aplicássemos o termo depressão para todas as classes, este indicaria, de uma forma simples, exatamente o que significava o termo melancolia''.13
             Aí está, pelo menos Adolf Meyer declarou expressamente suas intenções. Talvez alguns de vocês estejam se perguntando que interesse realmente clínico pode ter essa análise pelos meandros da história das idéias psicopatológicas. Ora, se a melancolia é velha conhecida da humanidade, os desenvolvimentos psiquiátricos e, como vemos, psicanalíticos, posteriores a Freud, debruçando-se sobre o problema, tenderam a substituir o termo melancolia por depressão, no que resultou em se criar o que estamos chamando de invisibilidade da melancolia, isso tem sérias conseqüências teóricas e clínicas14.
             Essa invisibilidade tem resultado em fazer desaparecer traços distintivos da própria dinâmica psíquica dessa patologia. Isto significa que, como observa Pierre Fédida15, a destrutividade e os sentimentos de culpa, que são tão evidentes na clínica orientada pelo método psicanalítico, acabam por desempenhar um papel menor no diagnóstico, e portanto, na elaboração das estratégias terapêuticas.
             De fato, nesse campo teórico-clínico, o problema de definição permanece em aberto, ainda hoje, mesmo na psiquiatria clínica, como demonstrou Giordano Estevão, em tese de doutorado defendida na Pós-Graduação do Hospital dos Servidores do Estado de São Paulo, que aqui retomamos a partir de um breve artigo, onde se lê:
''A prática clínica e a análise da literatura revelam a falta de critérios precisos para escolha do tratamento de depressão. (...) Em matéria de depressão, são debatidos, discutidos, controvertidos, todos os aspectos: nosologia, características sintomáticas, mecanismos bioquímicos, neurofisiológicos, terapêutica. Com toda boa vontade das 'reuniões de consenso', as divergências persistem. É comum referir-se à heterogeneidade das manifestações, para justificar a necessidade de mais reflexões e pesquisas"16 E mais a frente: diante desta situação , temos que registrar o mal estar dos autores, quando constatam que 30 anos de pesquisas, não nos permitiram registrar autênticos progressos na terapia. Apesar das novas descobertas em neurobiologia e genética molecular, não temos nenhum teste de laboratório, nem marcador de doença válido. O estudo da imipramina feito por Khun, que hoje seria criticado pelas suas falhas metodológicas, delineou o tratamento da depressão em vigor até agora. Desde os anos 50 , comparando com estas importantíssimas descobertas , nada de qualitativamente novo surgiu. O modo de investigação largamente utilizado em nossos dias, não conduziu a resultados positivos para a clínica, nem cientificamente, nem praticamente''.17


***
             Se estamos certos até aqui, observa-se um afastamento da teoria freudiana da melancolia que certamente não cessa de produzir efeitos de invisibilidade, mas resta perguntar-se pela razão de tal fato e, para isso, vamos tentar adiantar ainda algumas sugestões.
             É de 1897, o Manuscrito G, onde Freud trata precisamente da melancolia, através de uma analogia que aqui aparecendo pela primeira vez, será ainda extremamente frutífera. Ali se lê: '' (a) O afeto correspondente à melancolia é o luto - ou seja , o desejo de recuperar algo que foi perdido. Assim, na melancolia, deve tratar-se de uma perda - uma perda na vida pulsional»18. Como se vê já está aí uma primeira formulação daquela que será , até o fim de sua obra , a tese freudiana fundamental, isto é, de que na melancolia trata-se de 'algo que foi perdido' . O enigmático aqui é que a perda é pulsional, enquanto que na formulação posterior, a de Luto e Melancolia, há uma perda objetal que se transformou numa perda do ego, o que aponta, novamente, a importância da noção de narcisismo para esta investigação.
             Entretanto, este breve ensaio é provavelmente de janeiro de 1895, anterior, portanto, a dolorosa ocorrência que Freud reputará como 'aperda mais pungente da vida de um homem19. Observa-se, portanto, que a perda está presente nas idéias de Freud sobre a melancolia antes da morte de Jacob, mas só após esta é que não apenas cria a psicanálise como, e aqui voltamos ao nosso problema, a melancolia passa a ser inserida no eixo do complexo de Édipo20 , senão vejamos.
             No Manuscrito N21, dirigido a leitura do mesmo destinatário, encontramos o texto em que Freud, pela primeira vez, insere a melancolia naquilo que será para ele e, até o fim, o eixo fundamental de toda análise que se pretenda psicanalítica. O complexo de Édipo, queiram ou não os psicanalistas, é o eixo estruturante de toda concepção freudiana do humano, assim como, pelo lado da filogênese, o mito científico do parricídio na horda primitiva o é. Essa importante e enigmática formulação surge, salvo engano, pela primeira e última vez sob a pena de Freud. Intitulado 'Impulsos(2)', dentro de Notas III (Rascunho N), ali se lê:
«Os impulsos hostis contra os pais ( desejo de que eles morram ) também são um elemento integrante das neuroses. Vêm à luz, conscientemente , como idéias obsessivas. Na paranóia, o que há de pior nos delírios de perseguição (desconfiança patológica dos governantes e monarcas) corresponde a esses impulsos. Estes são recalcados nas ocasiões em que é atuante a compaixão pelos pais - nas épocas de doença ou morte deles. Nessas ocasiões, constitui manifestação de luto uma pessoa acusar-se da morte deles ( o que se conhece como melancolia ) ou punir-se numa forma histérica ( por intermédio da idéia de retribuição) com os mesmos estados [de doença] que eles tiveram. A identificação que aí ocorre, como podemos verificar, nada mais é do que um modo de pensar, e não nos exime da necessidade de procurar o motivo.
Parece que esse desejo de morte, no filho, está voltado contra o pai e, na filha, contra a mãe. (...)» 22
             Ora, o que está contido neste trecho que, como veremos, Freud irá retomar, à sua maneira, apenas em 1927, trinta anos depois, é a questão do parricídio. Como está dito, o assassinato dos pais ( assim mesmo, no plural, o que coloca ainda mais problemas! ) é a questão de toda neurose.. Entretanto, o que aí está contido, e que torna a melancolia tão grave, é que, sendo culpado pela morte deles ( e acusar-se significa culpar-se, ambos vem da mesma raiz latina) , a lei do talião, Freud já o dizia, cobra - olho por olho dente por dente - a morte do sujeito, não o mero adoecimento como na histeria, nem a acusação dirigida a outrem, como na paranóia, nem tampouco o interminável sofrimento obsessivo, que ainda é uma forma de sobrevivência.
             Na clínica, diante de um melancólico que demanda uma escuta para seu sofrimento, há uma espécie de urgência que invade o analista, e uma hesitação, uma vaga expectativa do pior, uma espera que parece necessária, diante daquilo que se apresenta como algo inominável pairando. Uma hesitação diante da urgência, como quando se está diante de um abismo perigoso à frente e a sensação física é dada pela lei da gravidade mesma: um empuxo para baixo criando imediatamente a hesitação diante do perigo e a urgência de proteção. Estar com um paciente melancólico é assim hesitação e urgência. Algo ali precipita-se no vazio e a parceria, quando se faz, fica premida pela busca de salvação, que é preciso reconhecer, não fosse o furor curandis mal conselheiro.
             Em um trabalho de grande fôlego, Marta Gerez-Ambertin realiza uma sistematização rigorosa da noção de superego na clínica psicanalítica e na cultura, a partir da obra de Freud e Lacan, um trabalho muito bem vindo pois que sem dúvida há muito era necessário em nosso campo. Dizendo de modo muito breve, ela encontrou que, já desde o nascimento da psicanálise pode encontrar-se a tríade: parricídio, culpa e punição, tanto na teoria como na clínica dos primeiros casos de Freud. Segundo ela, ainda que tenha recebido seu nome de batismo em 1923, os fundamentos teórico-clínicos do superego já estão traçados ao redor desse tríplice eixo, e a noção de consciência moral é a expressão mais primitiva do superego.23
             Como já foi dito, só um longo trabalho apontaria todos os desenvolvimentos necessários para demonstrar a concepção freudiana de melancolia, mas já é possível afirmar, com Ambertin, que ela se dá sobre a tríade parricídio, culpa e punição, como, de resto, a psicanálise mesma. Fiquemos ainda com algumas breves notas que podem indicá-lo. O fundamental parece estar contido em quatro textos que veremos a seguir.
             A primeira evidência mais extensa, salvo engano, aparece num pequeno texto de 1916, Alguns tipos de caráter encontrados no trabalho psicanalítico (1916) elaborado portanto pouco depois do clássico sobre o tema. Ali se lê:
''Em outra ocasião, defrontei-me com o caso de um respeitável senhor, professor universitário, que nutria havia muitos anos o desejo natural de ser o sucessor do mestre que o iniciara nos estudos. Quando esse professor mais antigo se aposentou e os colegas informaram ao pretendente que ele fora escolhido para substituí-lo, começou a hesitar, depreciou seus méritos, declarou-se indigno de preencher o cargo para o qual fora designado, e caiu numa melancolia que o deixou incapaz de toda e qualquer atividade durante vários anos''.24
             Mas será preciso esperar ainda longos anos até que em 1922 essa temática toma-se forma metapsicológica. Em Uma neurose demoníaca do século XVII25 descrevendo os melancólicos como ''bebês eternos'', encontra na morte do pai do pintor Haizmann a origem de sua melancolia, que o leva a complicados pactos com o demônio com o fim de que este constitua, afinal, um substituto paterno. Ali vamos encontrar um trecho fundamental para nosso argumento. Em suas palavras:
''Foi por isso que, no início deste artigo, predisse que um caso clínico de demonologia desse tipo produziria, sob a forma de metal puro, um material que nas neuroses de uma época posterior (não mais supersticiosas, mas antes hipocondríacas) tem de ser laboriosamente extraído, pelo trabalho analítico, do minério das associações livres e dos sintomas. Uma penetração mais profunda na análise da moléstia de nosso pintor provavelmente trará uma convicção mais forte. Não é algo fora do comum para um homem adquirir uma depressão melancólica e uma inibição em seu trabalho, em resultado da morte do seu pai. Quando isto acontece, concluímos que o homem fora ligado ao pai por um amor especialmente intenso e recordamos com quanta freqüência uma melancolia grave surge como forma neurótica de luto26.
             Mas, se nesse texto nenhuma referência ao sentimento inconsciente de culpa, que já havia sido postulado, pode ser encontrada, a ambivalência, traço melancólico como sabemos, não lhe escapa, e Freud irá dizer que a própria atitude hostil contra o pai, que é uma atitude de odiá-lo, temê-lo e fazer queixas contra ele, ganha expressão na criação mesmo de Satã27 e nada senão um anseio pelo pai aliado a uma extrema necessidade material, como determinantes de sua neurose, são postulados28.
             Em Neurose e Psicose29, texto logo posterior , concluído em 1923, passará a incluir a melancolia entre as neuroses narcísicas, enunciando-a como um conflito entre o ego e o superego, formulação que manterá até o fim de sua obra.
             Finalmente, Freud que, afirmava em a Psicopatologia da vida cotidiana que é difícil para o psicanalista descobrir algo que já não saiba algum escritor, em sua inabalável coerência, dirigiu-se a Dostoievski, para uma vez mais, investir em decifrar o enigma. Será em Dostoiévski e o parricídio30 que formulará o essencial de sua concepção, definindo a melancolia do grande escritor como derivado de desejos parricidas que nele permaneceram sem [des] culpa. Em suas palavras:
''Dispomos de um ponto de partida seguro. Conhecemos o significado das primeiras crises que Dostoievski sofreu em seus primeiros anos, muito antes da incidência da 'epilepsia'. Essas crises tinham a significação de morte; eram anunciadas por um temor da morte e consistiam em estados sonolentos, letárgicos. A moléstia o acometeu pela primeira vez quando ainda menino, sob a forma de uma melancolia súbita e infundada, uma sensação, como mais tarde contou a seu amigo Soloviev, de que iria morrer ali mesmo.(...) Conhecemos o significado e a intenção dessas crises semelhantes à morte. Significam uma identificação com uma pessoa morta, seja com alguém que está realmente morto ou com alguém que ainda está vivo e que o indivíduo deseja que morra. O último caso é o mais significativo. A crise possui então o valor de uma punição. Quisemos que outra pessoa morresse; agora somos nós essa outra pessoa e estamos mortos. Nesse ponto, a teoria psicanalítica introduz a afirmação de que, para um menino, essa outra pessoa geralmente é o pai, e de que a crise (denominada de histérica) constitui assim uma autopunição por um desejo de morte contra um pai odiado.
O parricídio de acordo com uma conceituação bem conhecida, é o crime principal e primevo da humanidade, assim como do indivíduo. (...). É, em todo caso, a fonte principal do sentimento de culpa, embora não saibamos se a única; as pesquisas ainda não conseguiram estabelecer com certeza a origem mental da culpa e da necessidade de expiação.31
             Encaminhando-nos para o final desta exposição, penso que esteja ao menos delineada nossa hipótese para os problemas de definição que permanecem neste final de século, longos anos depois de Freud. De fato, parece que a recusa de encarar a temática do parricídio até suas últimas conseqüências é o que tem obstaculizado novos desenvolvimentos nessa área, não fosse a invisibilidade uma boa forma de se defender do inominável cuja sombra, a melancolia, segue projetando.


1. Psicanalista, Profesora da Universidade Federal do Pará, Pesquisadora e Doutoranda da PUCSP.
2. A continuidade entre ambos os artigos está explícita na frase com que inicia Luto e melancolia : ''Tendo os sonhos nos servido de protótipo das perturbações mentais narcisistas na vida normal, tentaremos agora lançar alguma luz sobre a natureza da melancolia, comparando-a com o afeto normal do luto''
3. Trata-se dos resultados parciais de um projeto de pesquisa desenvolvido no interior do Laboratório de Psicopatologia Fundamental, da PUC-SP, sob orientação do Prof. Dr. Manoel Tosta Berlinck.
4. Freud, S. Luto e melancolia, Edição Standard brasileira (SB), v. XIV, p.275.
5. Freud, S. op. cit. p. 276
6. Ver a respeito Bleichmar, H.B. Depressão : um estudo psicanalítico. Porto Alegre: Artes médicas, 1983. Também nossa dissertação de mestrado: A concepçao de melancolia em Freud e Stein. SP:PUCSP, 1992
7. Desse modo, está estabelecido que a depressão é impensável no mundo grego: Hipócrates, portanto, não poderia ter feito referência a depressão em suas formulações sobre melancolia.
8. Aqui ficamos devendo a Modesto Carone a análise da origem dos termos no alemão de Freud, a quem agradecemos de público.
9. Jackson, S. Melancholia & depression. From Hippocratic times to modern times. Yale University Pres 1985. Tradução livre.
10. Klein, M. A Contribuition to the Psychogenesis of Manic-Depressive States, L. 1935. Cf. tambéR. D Hinshelwood Dicionário do pensamento kleiniano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.p.75
11. Abraham, Karl. Teoria Psicanalítica da libido. RJ: Imago, (1927[1970])
12. Grosskurth, P. O mundo e a obra de Melanie Klein.RJ: IMAGO, 1992.
13. Jackson, S. op. cit.
14. Moreira, A . C. op. cit..Cf. ainda, Jackson, op. cit.
15. Fédida, P. A Depressão : questões atuais. Seminário Temático em SP- outubro de 1998. Mimeo
16. Estevão, G. Do diagnóstico da depressão e suas implicações terapêuticas. IN: Temas, 1997, 53: 71-84
17. idem, p. 75
18. Freud, S. Extratos dos documentos dirigidos a Fliess. SB, v.I , p. 222. ver também Masson, J. M. Correspondência completa de Sigmund Freud para Wilhelm Fliess - 1887-1904. Rio de Janeiro : IMAGO, 1986, p. 99. Grifado no original. Carta datada provavelmente de 7 de janeiro de 1895.
19. Freud, S. Prefácio à Segunda edição de A Interpretação dos sonhos (1900), SB., v. IV, p.32
20. De fato, a psicanálise, como todos sabem, nasce do sofrimento psíquico desencadeado pela morte de seu Jacob, como elemento determinante mas, claro, não exclusivo. Veja-se, a propósito, a análise de Mezan, segundo quem essa origem se dá sobre tríplice eixo: a clínica das neuroses, a análise da cultura e sua auto-análise. Cf. Mezan, R. O pensador da cultura. SP: Brasiliense, 1985.
21. Freud, Cartas a Fliess, op. cit.
22. Freud, S. Carta datada de 31 de maio de 1897SB, v.I, p.275.
23. Gerez-Ambertin, M Las voces del superyo.En la clínica psicoanalítica y en el malestar en la cultura. Buenos Aires: Manantial.1993.. p.17 a 36. Tradução livre
24. Freud, S. Alguns tipos de caráter encontrados no trabalho psicanalítico (1916).SB., v. XIX, p.358
25. Freud, Um neurose demoníaca do século XVII (1923[1922]). sb., V. XIX.
26. Freud, idem.,. p.111/112
27. Ibidem, p.111
28. Freud, idem, ibidem. .
29. Freud, S. Neurose e Psicose (1924[1923]). SB., v. XIX.
30. Freud, Dostoiévski e o parricídio (1928[1927]) SB., v. XXI.
31. Freud, idem. p.211.
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sábado, 29 de outubro de 2011

A Vida e a Morte

A VIDA E A MORTE 


A vida é a morte caminham juntas. O maior enigma da vida é a morte e o da morte é a vida. Será que o homem é capaz de vencer a morte e transformar a vida terrena infinita? O homem com toda tecnologia a sua disposição será capaz de prevenir e curar todas as doenças? A velhice poderá se tornar reversível? Estas e outras indagações fazem parte do cotidiano mundial. É uma diretriz para os grandes cientistas do mundo, inclusive dos brasileiros. Vejam o que sinaliza o grande cientista Roger Kornberg, prêmio Nobel de Química em 2006. “Segundo Roger Kornberg, prêmio Nobel de Química em 2006, conseguir pessoas perfeitas e sem doenças "é um objetivo que todos pretendemos". Cientistas vencedores do Nobel dizem que clonagem humana será possível”. Algumas mídias andaram noticiando que os cientistas Richard J. Roberts e Roger Kornberg, Nobel de Medicina (1993) e de Química (2006), respectivamente, disseram este mês que a clonagem humana será possível. Será que os cientistas possuem respaldos para tais informações, ou querem aparecer e se tornar famosos? Outros cientistas, um britânico Roberts e o americano Kornberg são dois dos dezoitos ganhadores do prêmio Nobel que participam como jurados da 20ª edição dos prêmios Rei Jaime 1º, cujos vencedores serão anunciados neste mês de junho, sobre a clonagem humana, Kornberg disse que está "completamente seguro" que em um futuro ela "existirá e será objeto de debate”. Roberts também assinalou que a clonagem permitirá que - casais com problemas possam ter filhos. 

O cientista lembrou que quando se descobriu à inseminação artificial houve muita discussão a respeito, mas que agora isso é aceito como uma "coisa normal”. Richard Roberts afirma que a clonagem humana será possível, mas ressaltou que não é a favor dela. "Não sabemos o suficiente para fazê-lo", disse. "A engenharia genética pode chegar até onde deixemos que chegue", disse Roberts, que defende que não se faça nada que "possa repercutir sobre o mapa do genoma humano no homem porque, na realidade, não se sabe as conseqüências". Já Roger Kornberg disse que o papel do cientista é "descobrir informação" e a responsabilidade da sociedade é "regular a aplicação dessa informação". Segundo Kornberg, conseguir pessoas perfeitas e sem doenças "é um objetivo que todos pretendemos". Ele disse acreditar que um dia "sejamos capazes de prevenir e curar as doenças, inclusive a velhice". "As descobertas melhorarão a condição humana e os requisitos para chegar à perfeição", disse Kornberg. (Fonte: Folha On-line). Todo ser humano tem um ideal, por ser criado simples e “ignorante” é compelido a lutar pela conquista da razão e, atingindo-a, será compelido a lutar a fim de burilar-se devidamente.
Para os materialistas a morte é inevitável. Para os agnósticos e ateus só existe uma vida, esta em que estamos inseridos. Depois seremos cinza e nada mais. Para os adeptos do cristianismo, com raras exceções, a morte é um descanso e teremos que esperar o juízo final, aonde Deus virá julgar os vivos e os mortos. Os mortos que a Bíblia se refere não são os que atingiram a estagnação biológica e sim todos aqueles que vieram ao mundo pregar o mal, a discordância, a inveja, o orgulho negativo, desprezando a fraternidade, o perdão e a caridade. Esse rol para Deus e Jesus são os mortos que a Bíblia fala. Já na Doutrina Espírita a morte não existe, apenas nos despojamos do material grosseiro e fazemos nossa inserção ao mundo espiritual. A diferença entre esses dois mundos é a encarnação e a desencarnação. Aqui somos providos de carne e sangue e lá no mundo espiritual, não. A morte e a vida têm as suas finalidades para o homem, mas sempre causa um grande temor por sermos apegados demais à materialidade. O maior cientista que pisou o Orbe Terrestre Jesus, O Cristo passou por essa estagnação, ressuscitando em Espírito. Seus espojos materiais ficaram por cá. Fez uso do ectoplasma para materializar-se e permanecer na terra por mais 40 dias e 40 noites. A materialização começa intangível e depois se tornar tangível. 

Podemos considerar a vida e a morte como sublimidade, visto que ao sermos inseridos ao mundo elas já caminham juntas. Aqui cabe uma indagação: Porque o homem luta tanto para sobreviver e ter uma vida digna, enquanto outros se apegam ao mal para maltratar e destruir seu semelhante? Enquanto, o homem não se conscientizar-se que Deus existe, sem Ele jamais conseguiremos nada, visto que estaremos sempre sobre influências negativas. O mundo não sairá da situação caótica que se encontra. Orar, rezar não tira pedaço de ninguém, quando oramos com fé a tendência é uma melhoria substancial. Todos nós ressuscitaremos depois da estagnação biológica pela liberação do Perispírito ou corpo perispiritual como queiram. A morte não existe, a ida e a vinda do mundo espiritual para o material têm uma finalidade, a evolução, visto que ainda estamos num mundo de provas e expiações. A nossa próxima fase será o mundo de regeneração. Ressalte-se que depois que o Mestre cumpriu sua missão terrena mesmo na condição de materializado, ele subiu aos céus deixando uma nuvem espessa e desaparecendo. Essa nuvem espessa nada mais é ou era o ectoplasma que o Espírito de Jesus usou para o processo de materialização, visto que no mundo celestial não existe lugar para carne e sangue, como afirmava Paulo o apóstolo dos gentios, na época em que viveu e essa passagem está explicita no biblios. 

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ALOMERCE-DA ACI (ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE IMPRENSA) E A AOUVIR (ASSOCIAÇÃO DOS OUVINTES DE RÁDIO DO CEARÁ).

Dos sentimentos

“Saber o que se passa conosco, entender as causas de nossas
reações, mergulhar nos motivos de nossas afinidades e antipatias,
 pesquisar as origens de nossas tendências e pendores,
 conhecer as raízes das emoções e pensamentos indesejáveis
 são conquistas interiores, fonte imensurável de realização pessoal.”

Fernando Pessoa

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Síndrome do Ovário Policístico


Entenda melhor esta disfunção nos ovários e saiba como reconhecer seus sintomas

Caracterizada pelo aumento do nível de testosterona (o hormônio masculino) no organismo feminino, a Síndrome do Ovário Policístico é um mal que atinge de 6% a 8% das mulheres em idade reprodutiva no mundo. “Não se sabe o que provoca a doença, mas acredita-se que algumas mulheres tenham uma tendência genética a desenvolvê-la”, explica Rosa Maria Neme, ginecologista do Centro de Endometriose São Paulo e do Hospital Israelita Albert Einstein. Entenda um pouco mais sobre essa disfunção e fique de olho nos sinais.

Desequilíbrio hormonal

Como em boa parte dos problemas de saúde femininos, os hormônios têm papel fundamental na doença. “Uma alteração na função da glândula hipófise leva ao aumento da produção de andrógenos (hormônios masculinos, como a testosterona)”, explica a especialista. “Apesar de a ciência ainda não conhecer as causas da Síndrome, sabe-se que o excesso de peso e a obesidade podem piorar a disfunção”, alerta o ginecologista Alfonso Massaguer, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.


Atenção aos sintomas

É o excesso de hormônios masculinos que responde pela principal característica da doença, a irregularidade menstrual. “Algumas pacientes chegam a menstruar duas ou três vezes ao ano”, comenta a ginecologista. Outros sinais da Síndrome vão desde o surgimento de acne, o aumento da oleosidade da pele, da gordura corporal e dos pelos (principalmente no rosto, seios e barriga) e queda do cabelo até o aparecimento de microcistos no ovário, a dificuldade de engravidar e, em casos mais graves, a infertilidade. “Por causa do aumento dos hormônios masculinos, quem sofre com a doença tende a ter uma maior quantidade de ciclos não ovulatórios e uma maior r

esistência dos ovários aos hormônios femininos, o que dificulta a produção dos óvulos. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar a infertilidade”, alerta a ginecologista.

Como detectar a Síndrome

O diagnóstico do ovário policístico é realizado por meio da identificação dos sintomas clínicos (acne, irregularidade menstrual, aumento dos pelos) e avaliação da alteração da dosagem de hormônios, com a elevação da produção de hormônios masculinos no corpo da mulher. O exame de imagem e o de toque durante a consulta com o ginecologista também ajudam a confirmar o diagnóstico. “A doença pode aparecer em qualquer época da vida da mulher, mas tende a ser diagnosticada sobretudo na adolescência”, conta Rosa.

A doença tem cura, sim!

O tratamento é feito basicamente com medicações hormonais que reduzem os hormônios masculinos, como anticoncepcionais ou medicações mais específicas para isso. “Se você apresenta um dos sintomas citados, consulte seu ginecologista. Ele irá prescrever o melhor tratamento, inclusive um trabalho conjunto com um endocrinologista, para ajudar no controle do problema ovariano e de outras manifestações da doença, como a obesidade”, explica Rosa.

Como se forma a personalidade


A personalidade é a combinação de fatores biológicos (como raça, cor da pele e cabelo), socioculturais (por exemplo, educação, cultura, crenças e valores) e psicológicos (temperamento, caráter, habilidades e capacidades intelectuais, entre outros). Esse conjunto de características diferencia os indivíduos e se reflete na maneira de a pessoa enxergar a si mesma e os outros, bem como na forma de reagir aos fatos da vida e encarar as situações.
A formação da personalidade é um processo gradual, complexo e único para cada pessoa. Alguns traços são inatos, como o temperamento, as capacidades intelectuais e as habilidades. “Porém, as interferências do meio externo, como os estímulos ou as reprovações dos pais, podem ser determinantes para que essas características se desenvolvam – e permaneçam na vida adulta – ou desapareçam”, explica a psicóloga Cláudia P. S. Nogueira, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).
Não é possível determinar o momento exato em que se forma a personalidade, pois se trata do resultado das experiências e vivências do dia a dia. Mas sabe-se que ela tem início a partir do nascimento, por isso, os primeiros anos de vida são decisivos para sua elaboração. As atitudes dos pais influenciam muito na formação da identidade de seus filhos, visto que é por meio dessa relação que a criança aprende conceitos sobre si mesma e sobre o mundo. “Quando são incentivados a enfrentar obstáculos e desafios, e recebem elogios e carinho, os pequenos desenvolvem uma personalidade mais segura, com autoestima, tornando-se adultos com capacidade para superar e lidar com os obstáculos da vida”, conta Cláudia.
Da mesma forma, a criança deve ter liberdade para expressar suas emoções: alegria, afeto, tristeza, medo e raiva, ou seja, as chamadas emoções autênticas. Se for levada a reprimi-las, poderá se tornar um adulto com problemas de ansiedade, angústia e depressão, além de insegurança e baixa autoestima.
Já na adolescência surge a famosa “crise de identidade”. Nessa fase, é comum que o jovem “renegue” sua família e se identifique apenas com os amigos. “Isso acontece porque o adolescente precisa expandir seus horizontes e vivenciar novas experiências. A curiosidade e o interesse por outros modos de vida são saudáveis e naturais, e os pais devem ficar tranqüilos - o fato de conhecer comportamentos diferentes não significa que o adolescente se identifique com eles”, comenta a especialista. Pelo contrário: é por meio dessas descobertas que o jovem estabelece o que considera correto ou não, e é capaz de solidificar aspectos de sua identidade pessoal e social.
Para atravessar essa fase, que nem sempre é calma, a conversa, o respeito e a amizade entre os familiares são elementos fundamentais. “Muitas vezes, o jovem evita o convívio familiar por medo de reprovações e críticas. Por isso, é essencial que ele encontre segurança e aceitação em casa, bem como que os pais estejam sempre dispostos ao diálogo”, aconselha Cláudia.

ADOTAR: um gesto de AMOR


Adotar é assumir voluntariamente os direitos e deveres parentais sobre uma criança ou um adolescente, que passa a ser, então, seu filho legítimo. É, acima de tudo, uma atitude de amor. Mas para que tenha validade, é preciso legalizá-la mediante um procedimento jurídico.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cerca de 578 crianças foram adotadas no Brasil desde 2008. Ainda assim, de acordo com o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), aproximadamente 4.760 aguardam um novo lar e mais de 27.200 pessoas querem adotar. A pergunta é: se há tantos interessados, por que dizem que o processo de adoção é demorado? “O procedimento é rápido, mas grande parte dos casais quer adotar uma menina, branca, de 0 até 4 anos de idade. Essa preferência dificulta e retarda o processo, já que as crianças dos abrigos são, na sua maioria, meninos e pardos. E mais da metade está acima dos 6 anos de idade”, conta Lucianne Scheidt, socióloga do Projeto Afeto que Transforma.
Mais simples do que se imagina
O interessado deve se inscrever perante o Juízo da Infância e Juventude do seu domicílio, fornecendo os documentos solicitados e autorizando a realização de visitas técnicas em sua residência. “Nesse período, ocorrem entrevistas com um psicólogo e um assistente social, que avaliam a condição socioeconômica dos pretendentes, assim como a sua estabilidade conjugal e o seu equilíbrio psicológico”, salienta o advogado Munir Cury. Desde a implementação da Lei da Adoção (Lei n. 12.010, de 03.08.2009), exige-se que o interessado em adotar uma criança participe de reuniões que o orientem e preparem para a chegada do novo membro à família.
As exigências para quem adota

Quem deseja adotar deve ter mais de 18 anos e, pelo menos, 16 anos a mais do que a criança a ser adotada, independentemente do estado civil. “Mas, no caso de ser casado ou viver em concubinato, a solicitação deve ser feita por ambos. Em relação aos casais homossexuais, a autorização fica a critério do juiz responsável pelo processo. Atualmente, grande parte dos magistrados concede a adoção nesses casos”, explica o advogado.Adaptação tranquila e feliz“Durante o período de convivência — antes de formalizar a adoção —, os encontros ocorrem no abrigo onde a criança mora. À medida que ela fica mais confiante, os futuros pais podem levá-la para passeios”, conta Ana Lucia Cavalcante, psicóloga do Projeto Afeto que Transforma.
E para que a adaptação na nova casa ocorra com tranquilidade, os pais adotivos devem transmitir segurança à criança. “Eles precisam agir com naturalidade, fazendo com que ela se sinta amada e acolhida”, explica Cintia Liana, psicóloga especialista em adoção.
O empresário Antonio Macedo, de 32 anos, relata um pouco da sua experiência: “O Pedro chegou em casa há um ano, quando tinha 6 anos de idade. Eu e a Carla, minha esposa, estávamos ansiosos, queríamos agradá-lo de todas as formas; afinal, era a realização do nosso grande sonho. Até que percebemos que ele estava assustado e intimidado com o nosso comportamento. Aos poucos, relaxamos e passamos a agir realmente como pais. Hoje, brincamos, rimos, mas também damos bronca, olhamos a lição de casa, mandamos escovar os dentes... Nós amamos o Pedro exatamente como se ele fosse nosso filho biológico”.